Existem ocasiões que atores amadores oferecem performances muito superiores ao de profissionais. Produções de baixíssimo orçamento muitas vezes emocionam profundamente. Artistas sem formação acadêmica conseguindo resultados surpreendentes não é fato raro.
O trecho citado acima de Brook trata de um grupo teatral com bases religiosas, onde ele afirma "a fé é que desponta do eco interior".
O que ele chama de "eco interior" alguns chamam de intuição (psicólogos), outros de ator-criador (Stanislavsk), jogador (Viola Spolin)... e eu, de SPIRIT. Cada um escolheu o termo que mais se adequa às suas convicções. Acredito que ele escolheu "eco" pela ressonância (repetição, reflexo) daquilo que se passa lá dentro - um resultado interno no ator, entre ele e o público e outros atores. Outras palavras não representam tão bem essa influência tão fundamental em uma produção de arte. Não serão artifícios externos que substituirão essa poderosa transferência de energia - como não será uma catedral que criará a fé religiosa. Nem será a própria fé que criará esse eco interior - o eco é o início por si só.
Se o início por si só é algo que já temos dentro de nós, para que serve a
técnica? Serve SOMENTE E EXCLUSIVAMENTE para usarmos o que NÓS TEMOS. Nunca devemos buscar na técnica qualquer coisa que não seja nós mesmos - assim podemos ser todos. Sendo todos não seremos ninguém.
Boal (outro mestre do teatro) foca grande parte de seu teatro na análise da OPRESSÃO. Entende porquê? Vencendo a opressão e sendo você mesmo, será um grande ator (ou qualquer outra coisa).
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Cel França(atriz)
(Recife, PE)